domingo, 6 de abril de 2014

COMUNICADO DA HONORÁVEL ACADEMIA BRASILEIRA DA SOCIEDADE




Prezados,

A ABSTLDC [Associação Brasileira da Sociedade Toma lá, Dá Ca] vem por meio desta, informar-lhes que, por terem caído em desuso,  a partir de 26 de outubro de 2014, os verbetes: “caráter”, “ética”, “altruísmo”, “respeito”, “empatia”, “idealismo”. Eles e seus derivados serão definitivamente banidos de nossos dicionários. Tal resolução foi tomada com base nos poderes a nós outorgados pelo atual governo da República Federativa Imperialista do Brasil. A nova versão revista e reduzida do Dicionário da ABSTLDC já se encontra à venda nas melhores lojas do ramo. Caso prefira adquirir a versão digital, acesse: www.vivaomaucaratismo.gov.com.br, onde você encontrará um espaço destinado a sugestões de termos que devam ser, terminantemente, eliminados de nossos dicionários, de modo que nosso vocabulário seja cada vez mais restrito, prático e vazio de significado.

Desde já subscrevemo-nos gratos por sua prestimosa colaboração. 


ABSTLDC

    






segunda-feira, 17 de março de 2014

Ora, Bolas!



Dias atrás, após longo e tenebroso inverno afastada de meu blog, postei um breve poema, ainda em estado embrionário, chamado Cansei de Cansar. Como de hábito, divulguei tal “feito” para meus contatos e recebi uma mensagem de uma adorada amiga e exímia tradutora, Janaína, dizendo, “Estou afundada em prazos e tarefas, mas queria te dar um ‘oi’ e dizer que espero que continue a escrever!”. Voltamos a trocar e-mails e em um deles nasceu uma croniquinha - termo “roubado” de meu amigo, o professor José Augusto Carvalho, a qual gostaria de partilhar com você.


Jana,
Gostaria de agradecer-lhe pelo incentivo que me deu para continuar a escrever. Abri um arquivo em meu desktop que chamei de "Reflexões Diárias" e sempre que algo me chama a atenção ou tenho uma ideia, eu o abro e coloco meus pensamentos "no papel". Tem sido um exercício fantástico. 

Às vezes, o que me chama a atenção pode ser algo corriqueiro como o simples fato de uma garota jogar displicentemente uma caixinha de chicletes na calçada, sendo que há uma lixeira a poucos metros de distância (e mesmo que não houvesse, dane-se. Coloca a porcaria da caixinha no bolso da calça e a joga fora na lata de lixo de casa. Ponto!).

Mas sabe por que o fato tanto me chamou a atenção? Eu vi a caixinha na calçada e pensei que ela talvez tivesse caído da bolsa da tal mocinha. Preocupada chamei: "Ei, ei!". Ao perceber que ela estava com um fone de ouvido, acelerei o passo, abaixei para pegar a dita caixinha e foi aí que me dei conta de que esta estava vazia. A garota simplesmente a jogara fora. Intrigada, passei ao lado da garota só para observá-la. Ela, obviamente, tão entretida em si, nem notou minha proximidade - assim não notaria a de um estuprador -, e continuou a andar displicentemente. Com a mesma displicência, que jogou a tal da caixinha; com que, provavelmente, trata os que lhe são próximos; com que, provavelmente, trata o mundo ao redor; com que provavelmente trata...



Resposta de Janaína

Ah linda! Adorei seu texto! Começou devagarinho e quando vi eu já estava ao seu lado vendo a cena e querendo pegar a caixinha. Obrigada pela mini viagem.

Um beijo!




quinta-feira, 13 de março de 2014

CANSEI DE CANSAR...





CANSEI DE CANSAR... 

DO TUDO PRA ONTEM,

DO VOCÊ ME DIZER QUE É UM SER ATRIBULADO, EFICIENTÍSSIMO E, PORTANTO, QUE NÃO TEM TEMPO PARA ME ESCUTAR TERMINAR MINHA FRASE AO TELEFONE, MESMO QUE AQUILO QUE EU TENHA A LHE DIZER SEJA DO SEU INTERESSE, POIS VOCÊ TEM OUTRAS TAREFAS A CUMPRIR, E TANTAS OUTRAS PESSOAS A ESCUTAR. 


CANSEI DE CANSAR...

DA EFEMERIDADE,

DO TUDO PRA UM SEGUNDO ATRÁS E DO NADA PARA AGORA.



CANSEI DE CANSAR...

DE NÃO TER ALTERNATIVAS.



CANSEI DE CANSAR...

DO ...........................



CANSEI DE CANSAR...



CANSEI.



Cláudia S. Coelho



Adendo:

Gostaria de acrescentar a observação que um grande amigo, o professor José Augusto Carvalho, fez quando pedi que tecesse alguns comentários sobre os versos acima:

“Cláudia, o final de seu poema faz pensar que você se cansou de cansar...("Cansei do... Cansei..."). Não acrescente mais nada. Está completo o poema. 
Dizia Saint-Exupéry, em alguma parte de sua obra, que a perfeição existe não quando não há coisa alguma a acrescentar, mas quando não há nada a tirar.”

Ao ler o carinhoso comentário de meu amigo transcrito acimo e ater-me às entrelinhas e não às linhas, percebi que meu poema poderia até estar completo, mas longe de estar perfeito – e nem era essa minha pretensão – os versos foram criados em um momento de desabafo interno – "desabafo interno", poderia haver paradoxo maior?!

Proponho, então, que as palavras de Saint-Exupéry, que ainda ressoam em mim,

A perfeição existe, não quando não há coisa alguma a acrescentar, mas quando não há nada a tirar.

levem-no à reflexão, assim como os versos que criei para mim, para você.

Por fim, gostaria de ressaltar que também "cansei de cansar" da impaciência, da falta de educação e da grosseria para as quais sempre há uma desculpa. 



Com abraços cansados, nunca exaustos e sempre reflexivos, 

Cláudia S. Coelho






domingo, 5 de janeiro de 2014



OLÁ!!!!

NADA ALÉM DE UM





Recado





A você que está aí a me criticar sentado confortavelmente em sua poltrona, com sua vida perfeita e insossa;

A você que está aí tranquilo em sua redoma, deixando a Vida passar ao largo;

A você que está aí sem crises existenciais, por não se deixar tocar pela existência;

A você que não sofre, pois não sente;

A você que está aí sem se perguntar o como e o porquê das coisas, pois teme as respostas;

A você que acredita ser dono da verdade, quando ela lhe escapa pelos dedos;

A você que está aí a me enxergar através de uma lente distorcida;

A você que está aí a me criticar, surdo ao que sinto;

A você que estende com uma mão e tira com a outra;

A você que finge altruísmo com o único intuito de “dormir em paz”;

A você que, cego, me critica, não me Vê, por me julgar um espelho do outro que deseja atingir;

A você que está aí a me espezinhar, com os ouvidos, os olhos e o coração cerrados à minha dor;

A você que se acredita saudável, mas que, talvez, sem saber, seja portador do pior mal social ― a imagem sobre a verdade;

A todos vocês, um recado: deixem-me em paz!

E...

E a você que vive em um mundo efêmero orquestrado pelas aparências e que busca ter antes de ser, cuidado: saiba que não está no topo do mundo, mas à beira de um precipício;

A você que, em sua pseudoperfeição, é intolerante a ponto de renegar as diferenças, cuidado: a solidão está à sua porta.





Por fim...

Não quero ser mote de discussões.
Não quero ser o brinquedo com o qual você se distrai de si.
Não sou, nem me permitirei ser, o bode expiatório de sua vida.

Vocês que estão aí a me criticar, por favor: DEIXEM-ME EM PAZ!



CSC

PS