A SEDE EXISTE, CABE A NÓS SACIÁ-LA
Educação de Qualidade
Ela existe;
É possível;
Pode se tornar realidade.
Basta acreditar;
Basta fazer.
Cláudia Coelho
Hoje, por mera
“coincidência” caiu em minha caixa postal um vídeo chamado “Moleque Detona
Políticos http://www.youtube.com/watch?v=ZFr37d2XC9M” o qual, com certeza deve estar circulando pela Internet e me fez
lembrar de um episódio ocorrido na segunda-feira da semana passada, 24 de junho
de 2013.
Movida pela onda
das manifestações que se alastravam - e continuam a tomar o país acendendo a
chama da política em uma população cuja maioria mal se recorda em quem votou para
deputado na última eleição - minha curiosidade foi aguçada e decidi abordar o
tema com meus alunos de inglês do ensino fundamental.
Mas como
discutir o assunto com um grupo de pré-adolescentes em uma língua estrangeira que
ainda estão engatinhando no aprendizado? Praticamente impossível. Mas não me
dei por vencida – odeio desistir de uma causa. Dias antes, havia assistido a uma reportagem sobre professores que estavam usando o momento para
elucidar alguns conceitos ligados à política, mas esse não era meu objetivo –
queria escutar o que meus alunos tinham a dizer, afinal esses diabinhos, que - diga-se de passagem, adoro - sempre me surpreendem com suas ideias. Então, por
outra “coincidência” do destino, uma amiga me encaminhou um link de um site chamado Tecla Sap,
assunto: “Como eu digo ‘gás lacrimogêno’ em inglês?” (amantes da língua inglesa,
inscrevam-se no site pois o conteúdo deste é fantástico).
Heureca !!!!!!! Ali estava a solução para meu impasse. Preparei, então, um glossário de termos ligados a manifestações políticas, protestos, greves e cheguei para a aula munida de artilharia.
Os alunos
amaram: criamos frases com o vocabulário, estudamos como a maioria das
expressões compostas em inglês são formadas, eles aprenderam o que são falsos
cognatos... e lá pelas tantas, perto da hora do intervalo fiz a pergunta que
não queria calar: “Bem, qual a opinião de vocês quanto às manifestações?”.
Obviamente, esta foi feita em português, mas como eles já haviam praticado o
suficiente cabia um minuto de descontração.
Heureca !!!!!!! Ali estava a solução para meu impasse. Preparei, então, um glossário de termos ligados a manifestações políticas, protestos, greves e cheguei para a aula munida de artilharia.
Todos tinham
algo a dizer – alguns influenciados pelos pais; outros, por professores e
outros tantos, por seus próprios pensamentos. A maioria tinha vivido o drama de
perto, pois a escola teve de ser fechada na sexta-feira, 21 de junho, no meio
do período da manhã, em virtude de uma manifestação que estava ocorrendo nas
redondezas.
O que,
no entanto, de fato me chamou a atenção foi a falta de respeito da maior
parte dos alunos em relação à opinião dos colegas, a tal ponto que tive de
interceder dizendo que em uma democracia todos têm o direito de expressar sua
opinião que, mesmo não sendo igual à nossa, merece ser escutada. Todos, então, se calaram e pude observar um “ponto de interrogação” em seus semblantes.
Logo,
em seguida, uma das alunas mais novas me perguntou: “Mas professora o que é
democracia?”. No mesmo instante saquei do bolso meu dicionário e escrevi na lousa:
democracia – do grego démokratía,
de dêmos 'povo' + *kratía 'força, poder' (afinal sou uma amante
da etimologia) e complementei, “Para entender o significado de uma palavra é
preciso saber sua origem, portanto demo + cracia é o governo feito pelo povo, para o povo. É um sistema de governo no qual escolhemos nossos
representantes por meio de eleições e...”, fui interrompida por uma enxurrada
de perguntas: “Mas os políticos não mandam na gente?”, “A presidente não pode
fazer tudo que quiser?”, “E o prefeito, não é ele que dá as ordens?”, etc. ,
etc., etc. Fiquei assombrada ao perceber a impressão que aqueles pequenos,
jovens cidadãos têm do governo de nosso país e com a deturpação e distorção dos valores
e princípios que deveriam regê-lo - e não pensem que tal reação se deve à faixa
etária, pois fiz o mesmo trabalho com uma turma de ensino médio, cujos alunos
estão prestes a entrar em uma faculdade e começar a seguir uma trajetória de
vida independente, e o resultado foi muito semelhante. O que me leva a crer que
o grande problema é a desinformação e não a falta de interesse e alienação do jovem, como suposto e
propalado por muitos.
O interesse há,
a sede existe, cabe a nós saciá-la.
Minha mãe sempre
disse que o currículo escolar deveria incluir aulas de Direito para que
tivéssemos pelo menos noções básicas de nosso sistema legal. A seu comentário
acrescento aulas de Filosofia, Política e Psicologia. Apenas, e tão somente
dessa forma, conseguiremos contribuir para uma educação de qualidade em seu
sentido lato – uma educação que favoreça a formação do caráter dos jovens; do
indivíduo íntegro, consciente e reflexivo com sólidos valores éticos e morais.
Esse é o único modo de formar cidadãos orgulhos de si e do país em
que vivem.
Abraços de uma professora que acredita no poder e na força do conhecimento,
Cláudia Coelho
PS: Assistam ao vídeo "A Voz do Povo", http://www.youtube.com/watch?v=FvpncnCMGog&feature=youtu.be , encaminhado hoje, por "coincidência", por uma amiga com quem não tinha contato há anos.
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