quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013


ORÁCULO DO PÃO DE 20, 21 E 22 DE FEVEREIRO DE 2013






"Conselho, Conselho! quem dá mais!!!!!!!!"

"Ouça um bom conselho, 
que lhe dou de graça;
inútil dormir, 
que a dor não passa."


Chico Buarque 

MAS...


"SE CONSELHO FOSSE BOM A GENTE NÃO DAVA, VENDIA"


Apesar de a frase acima ser um dito popular, penso que expressa uma daquelas verdades que só se aprende com o correr da vida.

Até pouco tempo atrás, acreditava ser uma pessoa “sábia” cuja visão de mundo era “universal” e deveria ser partilhada por todos – ledo engano. Ansiosa de carteirinha,  com um conselho na ponta da língua pronto a ser dado a qualquer um que  aparecesse na minha frente com algum problema, eu mal ouvia as pessoas com quem interagia, não buscava entender o contexto em que elas se encontravam, compreender suas dificuldades ... e falava, falava, falava; ou seja, era péssima interlocutora. Além disso, em minha prepotência, acreditava que isso era o que significava sentir empatia. Mais um engano. "Empatia", um termo muito confundido com "simpatia", implica na compreensão do "outro", na capacidade de colocar-se no lugar deste e deixar o o ego; significa render-se... 

Dias atrás, estava conversando com uma amiga que estava, pela enésima vez me falando sobre um dilema que enfrenta há anos, sobre sua dificuldade em lidar com este; etc. etc. e tal e, de repente, tive um insight: mais do que quer escutar o que eu tinha a dizer, sua necessidade era ter a liberdade de falar sem ser julgada; e, então, me calei. Ouvi, ouvi e ouvi e ao ouvir, ouvir e ouvir permiti que ela tivesse tempo de se escutar. Pouco a pouco as marcas de seu rosto foram se atenuando e a expressão, antes pesada, se abriu em um sorriso. Ela pode não ter chegado à conclusão do que fazer, de como resolver seu problema, mas teve a oportunidade de falar sobre seus sentimentos para alguém cuja atenção estava totalmente voltada para ela – uma verdadeira dádiva em uma época em que imperam o imediatismo e a impessoalidade das mensagens de texto. Não é por acaso que atualmente meus "termos" de ordem, quando o assunto é relacionamento, não importa o nível destes, sejam: atenção incondicional, troca de ideias e empatia em todas suas acepções.

Despedi-me de minha amiga e ao chegar em casa resolvi ler meus e-mail e, por uma dessas “coincidências” da vida; ou sincronicidade, pouco importa o nome que se dê, havia uma mensagem me esperando, intitulada: “O Melhor conselho”, a qual transcrevo abaixo ipsis litteris e espero que sirva de reflexão.



“Compartilho a Luz de forma amorosa e respeitosa e não direi aos outros o que devem fazer. Em vez disso, lhes mostrarei, compartilhando a Luz e o brilho do Criador de forma amorosa.

Estarei aberto.

Darei amor, Luz e compaixão. 

Por que é tão mais fácil enxergar as soluções para os problemas dos outros do que descobrir as respostas para os nossos? É como dirigir um carro. Quando estamos no nosso carro, não podemos vê-lo de verdade. Não enxergamos os insetos nos faróis ou a sujeira nas portas e nas rodas. Mas em todos os outros carros que passam, vemos a sujeira tão clara como o dia.

Quando se trata dos desafios que nossos entes queridos enfrentam, às vezes enxergamos as soluções potenciais, e queremos ajudar a remover a sujeira, para que eles possam ter uma viagem melhor. Quantas vezes você quis dizer a um amigo: "Você não vê que se sair desse relacionamento abusivo, ficará muito mais feliz?", ou "Você tem tentado a mesma tática de negócio durante anos e continua falhando. Você não acha que está na hora de tentar uma abordagem diferente?".

O problema é que eles estão nos seus próprios carros com seus próprios pontos cegos, incapazes de enxergar o que você enxerga. Então, a reação deles pode ser negativa. Eles podem insistir em que você esteja errado ou podem até se sentir ofendidos. 

Os kabalistas ensinam que existem dois pré-requisitos para dar conselhos: 

1. Uma pessoa só deve dar conselhos quando solicitada a fazê-lo.
2. O conselho só deve ser dado se puder ser recebido da maneira correta. 

Isso significa que devemos nos perguntar o seguinte: "Será que essa pessoa está pronta para escutar isso? Existe uma maneira de dizer isso sem magoá-la?", "Será que devo esperar até que ela esteja um melhor estado de espírito?". 

Meu professor nunca dizia aos alunos no que eles precisavam melhorar; estava em um estado tão elevado de consciência, que via todas as soluções. É claro que, querendo ver seus alunos manifestarem seu potencial pleno, ele desejava compartilhar tudo que via! Mas ao restringir-se, ele nos deu uma coisa muito mais poderosa do que um conselho. Ele nos deu a Luz para descobrirmos as respostas sozinhos. 

Não importa quanto amemos alguém, nós não podemos travar suas batalhas. O que podemos fazer é dar-lhes Luz. Podemos ser pacientes e amorosos, oferecendo um ombro para que chorem ou um ouvido para escutar quando eles mais precisarem.

Nosso amor pode inspirar muito mais mudança do que qualquer conselho que desejemos transmitir.

Isso não quer dizer que não existam momentos em que uma intervenção não seja necessária ou em que é realmente certo compartilhar ideias que possam ajudar alguém ao longo do seu caminho. Mesmo nesses momentos, é a Luz que compartilhamos que os ajudará a transcenderem seus desafios, não nossas palavras. ”

Com amor e sem conselhos,
Cláudia Coelho






 


2 comentários:

Anônimo disse...

vivendo e aprendendo...

Cláudia Coelho disse...

Sempre, sempre e sempre