domingo, 2 de dezembro de 2012


SEGUNDAS IMPRESSÕES


Gostaria de abrir este resumo sobre a roda de conversa realizada em primeiro de dezembro de 2012 na Feira de Orgânicos e Agricultura Limpa – não poderia haver data mais propícia do que o primeiro dia primeiro do mês para dar início a um evento-  postando uma descrição do preparo do pão (atribuída a Jesus) que faz parte do Evangelho Essênio da Paz. Tal escolha não foi feita por acaso, mas em virtude de o pão e de seu principal ingrediente, o trigo, estarem imbuídos de significado: “O Pão Bento, o Pão Santo, o Pão da Vida”, “O  Pão Nosso de Cada Dia”, “O Trigo que domestica o Homem”. Além disso o povo essênio tem muito me inspirado devido a sua simplicidade, princípios e reverência ao ritual da alimentação; independente de sua rigidez quanto ao cumprimento das leis de Moisés, pois ninguém, nem nada nesta Terra são perfeitos.

“E o mestre disse: Deixai que os anjos de Deus vos preparem o vosso pão. Umedecei o vosso trigo, para que o anjo da água penetre nele. Ponde-o então no ar, para que o anjo do ar o abrace. E deixai-o da manha à noite debaixo do sol, para que o anjo da luz solar desça sobre ele. E a benção dos três não tardará a fazer o germe da vida brotar no vosso trigo. Em seguida moei o vosso grão e fazei obreiras finas, como faziam seus antepassados quando partiam do Egito a casa da servidão. Tornai a pô-las debaixo do sol quando ele aparece e, quando ele subir ao ponto mais alto dos céus, virai-as do outro lado para que elas sejam abraçadas ali também pelo anjo da luz solar e deixai-as onde estão até que o sol se ponha. Pois os anjos da água, do ar da luz solar alimentaram e amadureceram o vosso trigo do campo e, da mesma forma, precisam também preparar o vosso pão" (p.43,44 SZEKELY, 1981)
Caso queira ver o modo de preparo e os ingredientes do pão essênio acesse: http://alimentacaoviva.blogspot.com.br/2008/01/po-essnio.html

Portanto não abri nossa roda de conversa com uma mensagem do “Oráculo do Pão”, de autoria de Magui, por obra do acaso. A palavra de ordem “Liberação”, cuja mensagem está abaixo e disponível no post anterior pareceu caber a todos.

Deixa ir. Deixa partir.
Desprender-se. Desfazer-se.
Desapegar. Abençoar tudo o que já foi e o que não cabe mais.
Dores, mágoas, amores, vitórias.
E entregar ao Universo. Abrir-se para o novo.
E deixar a vida acontecer.



Meu intuito era discutir o conceito abrangente dos alimentos orgânico, o qual  engloba toda a cadeia produtiva - indo muito além da não utilização de agrotóxicos, e como este  pode ser incorporado em nosso dia a dia. O termo orgânico tem sua origem no latim e significa “instrumento musical”, portanto, para que este instrumento crie música todas as notas têm de estar interligadas, em harmonia, do grão à mesa, assim como o processo de produção de orgânicos.   
Para um alimento ser considerado orgânico o produto deve ser cultivado em um ambiente que considere sustentabilidade social, ambiental e econômica e valorize a cultura das comunidades rurais, sem exploração do trabalho. A agricultura orgânica não utiliza agrotóxicos, hormônios, drogas veterinárias, adubos químicos, antibióticos ou transgênicos em qualquer fase da produção. 
No entanto, percebi que há várias vertentes neste movimento; cada qual exaltando seus benefícios para o Ser, sem se darem conta de que todas possuem o mesmo intento. Infelizmente, nenhuma delas chegou a cumprir seu objetivo maior: estar presente na mesa de todos. Acredito, no entanto, que isso não é um objetivo inalcançável, uma luta inglória, mas demanda esforço coletivo, posicionamento político e criatividade, pois como declarei anteriormente:

Sozinhos caminhamos mais rápido,
unidos caminhamos além.
Autor desconhecido


E segundo Graham Bell não devemos: 

ANDAR PELO CAMINHO TRAÇADO, 
POIS ELE CONDUZ SOMENTE ATÉ  ONDE OUTROS FORAM. 

Ao ser colocada a questão de como poderíamos nos alimentar organicamente em nosso acelerado dia a dia, preparando nosso alimento sem que esse perdesse seu valor nutricional, uma das participantes comentou que fazia seus legumes no vapor. E, então, foi feito o seguinte comentário: “Mas isso demora muito” e ela respondeu: “Ao contrário, é muito mais rápido do que cozinhar”. Ou seja, o que falta, como em qualquer outro setor, é um programa de educação de base, de conscientização da população, principalmente em relação aos orgânicos cuja produção e consumo são vítimas de preconceito até dos próprios produtores.            
Sempre gosto de escolher uma palavra-chave para qualquer aula que dê, para qualquer evento que coordene e, apesar de ter escolhido minhas palavras-chave para este, tenho de ter a humildade de aceitar que “Educação” - o que em meu ponto de vista está relacionado à conscientização tem de ser o mote do movimento, tanto por parte dos consumidores, como dos produtores e das instituições que participam dessa cruzada, pois ninguém menos que Nelson Mandela disse:



Todos os estrangeiros que conheci em virtude de meu trabalho afirmaram: "  O Brasil tem tudo para ser um país de grande prestígio, mas nunca chegará lá caso não exista investimento em educação". A educação em seu sentido lato é um conceito muito mais abrangente do que  saber de cor a tabuada ou de que que “b”+ “a” é “BA”. Esta engloba a consciência dos princípios éticos, morais que devem nortear a vida do cidadão - os quais implicam em direitos e deveres.

Em seguida, lemos o texto “Do Grão a Mesa” em homenagem a Adriana uma das produtoras que participou da roda:

REVERENCIA A MÃE TERRA COM O SUOR DE TEU TRABALHO:

PLANTA A SEMENTE DA PAZ,
ADUBA A TERRA COM AMOR,
OBSERVA O GERMINAR DO ESPÍRITO.

REGA O BROTO DA FÉ,
CULTIVA A PACIÊNCIA,
ESPERA TRANQUILO A COLHEITA DA SABEDORIA. 
  
GLORIFICA, ENTÃO, A SAFRA DE TEU TRABALHO
JUNTO À MÃE TERRA: 

SAUDANDO O ALIMENTO RECEBIDO COM REVERÊNCIA,
PREPARANDO-O COM O TEMPERO DA GRATIDÃO,
COMPARTILHANDO-O, POR FIM,  À MESA DA ALIANÇA.

Cláudia Coelho

E, por fim, refletimos sobre o texto de celebração do Natal:





Neste Natal,
Abre a porta de teu espírito para receber a luz do Amor Divino
compartilhando-a com aqueles que te são caros
na ceia da Fé, Paz, Sabedoria, Amor e Prosperidade.
E sustenta teu corpo, assim como tua alma,
Com o alimento puro e orgânico
Que emana da Mãe Terra. 

Cláudia  Coelho


Terminamos nossa roda com a distribuição de um bocado de bolo de Natal para cada um dos presentes que o degustaram meditando ao “som” do texto “Benção dos Alimentos”:

“Deus Pai-Mãe Celestial, inclinamos nossa cabeça em profunda gratidão pelas múltiplas dádivas que amorosamente nos concedeis. Abençoai este alimento e preenchei-o com Vossa Luz e Amor de forma que ele possa vitalizar ainda mais nosso corpo.

Pedimos uma bênção especial para os amados Elementais por sua obediência em manifestar a substância dos alimentos.

Que Vosso Reino, onde quer que seja, seja alimentado por Vossa Bondade. Que todos possam usufruir do alimento bom e abundante. Que nosso amor flua por todas as formas de Vidas através da Unidade de Vosso Ser. Que assim seja. 
Amém”.

Extraído do Livro dos Decretos


O presente maior foi a presença das crianças que, atentas ao que acontecia ao redor, contribuíram com seus desenhos para a criação de nosso cartão de Natal.




Mesmo tendo sido um evento com poucos participantes, tenho certeza de que todos aqueles que lá estiveram tiveram sua visão de mundo modificada de certa forma.










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