domingo, 3 de março de 2013


PARÁBOLA DA SOLITÁRIA DE 03 E 04 DE MARÇO DE 2013

DA ESCURIDÃO À LUZ...




Once upon a time...

Era uma vez um homem que sem saber como, nem por que, se viu preso em uma solitária. A única luz que adentrava o recinto vinha de uma diminuta fresta na parede.

A princípio o homem se revoltou, queria voltar a vislumbrar a claridade do dia, o céu azul, o brilho das estrelas. No entanto, com o passar do tempo se acostumou à escuridão e veio a acreditar que tudo que antes vivera não fora nada além de um sonho, algo que não lhe cabia mais ter e que a cela era a única realidade.

Certo dia, inesperadamente, a porta da cela se abriu e ele correu para o meio de um pátio iluminado pelo sol ardente do meio-dia, circundado por celas iguais àquelas onde ficara. Sua primeira reação: olhar em direção ao céu. O brilho, entretanto, foi tão intenso que quase o cegou, e ele voltou às pressas à cela escura onde se sentia a salvo.




Com o passar do tempo e a despeito de seu sentido de segurança, o homem não conseguia esquecer a luz, queria voltar a vê-la, senti-la, mas tinha consciência de que lhe faltavam forças.
E, então, decidiu prepara-se para o tão desejado encontro. Dia após dia tirava um tijolo da parede, deixando um pouquinho mais de luz penetrar a cela. A princípio a observava a distância, tinha medo - as feridas do último encontro, ainda expostas. Mas com o tempo foi se sentindo seguro, à vontade com a presença da claridade, e pouco a pouco se entregou a seu calor, aconchego e afago.

Certo dia, quando poucos tijolos restavam, ele olhou para a porta de sua cela e percebeu que não havia nenhum cadeado prendendo os ferrolhos que o impediam de votar ao pátio. Receoso, levantou-se, caminhou pé ante pé até a porta, soltou as travas; abrindo-as com muito, muito cuidado.




Qual não foi sua surpresa ao descobrir que a luz que quase o cegara agora o acolhia.

A história acima tem várias interpretações.

Uma delas diz respeito às prisões, em especial as interiores, onde nos colocamos sem nos darmos conta. Da mesma forma que a luz nos penetra aos poucos, assim também age escuridão e, por fim, sem saber como, nem por que, como o homem da parábola acima, nos encontramos enredados em uma situação para a qual não vemos saída – os sinais de que isso está prestes a acontecer nos são dados, mas nós, de modo geral, os desprezamos.

Outra está relacionada às travas que nós mesmos construímos em nosso interior e que nos impedem de evoluir, de ir em direção à luz e ao que nos faz sentir plenos.

Além disso, gostaria de destacar o que, de modo geral, implica um processo de mudança.
Por mais que desejemos, por vezes, transformar nossa realidade de um dia para o outro, esse movimento é paulatino, construído dia após dia por meio de pequenas ações. Caso não seja assim ele não se sustenta e voltamos ao conhecido, à acomodação. 
  
Finalmente, gostaria de reiterar a seguinte passagem  de um texto que li, cujo autor infelizmente desconheço:
“Lembre-se de que nunca há uma única interpretação para qualquer mensagem, história, parábola... Cada um de nós extrai um sentido ou significado e cada um deles é tão importante, pertinente e válido quanto o outro”. 
PS: Durante períodos de mudança lembre-se de que:
            É importante usar “óculos escuros”.
Livrar-se das prisões interiores é mais difícil do que sair de um presídio de segurança máxima.
            É imprescindível ter paciência e gentileza consigo.
Ter uma recaída é apenas um percalço; não há por que se culpar.
Caso tenha em si muitas celas escuras, priorize e mantenha o foco, iluminando uma delas de cada vez.
E, acima de tudo, proceda com calma; degrau por degrau.


Beijos e luz,
       Cláudia Coelho           
            

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